Fica difícil, por vezes, a tarefa do sociólogo quando escreve! A ele pede-se que escreva de uma maneira curta, como se escrevesse um apontamento, pede-se que seja breve nas suas ideias que pretende transmitir aos seus leitores.
Ao sociólogo pede-se que escreva como se escrevesse um poema! Isto porquê? Para que o sociólogo abdique dos seus grandes tratados e teorias sobre a Sociedade. Só é capaz de acompanhar a realidade todo o sociólogo que finge ser poeta, que escreva imediatamente por imagens, recusando as teorias maçudas de conceitos e representações, porque a realidade também é apenas um bocado de sol simples, um quintal herdado pelos indivíduos.
O Sociólogo é esse poeta que está parado, isolado, é um observador de toda a circulação do quotidiano, é um observador privilegiado, pois do olhar de um sociólogo vê-se tudo com uma nitidez absoluta, com um olhar independente e parcial.
A verdadeira questão sociológica que a mim mais me fascina enquanto poeta sociólogo, enquanto escritor é a questão do Tempo! Saber se o Tempo que todos nós vivemos individualmente é ou não aproveitado. Desde que comecei a escrever este livro, passaram cinco minutos, aproveitei-os ou não? Se não sei se os aproveitei como saberei em relação aos outros minutos das minhas páginas? E você já pensou no seu Tempo? Aproveita bem todos os minutos que a Vida lhe oferece?
Esta questão de saber aproveitar o Tempo que vivemos é das questões mais aliciantes que me fascina debater ou conversar, pois através desta questão chega-se a uma outra: Quantos minutos a Morte nos oferece para vivermos? A este respeito li num livro de Saramago “As Intermitências da Morte” e algo de estranho se passa no seu romance.
O escritor imagina o que aconteceria se, de repente, se alterasse o ciclo normal da vida humana. A morte deixava de fazer o seu trabalho...e ninguém morria! Saramago leva-nos a imaginar uma sociedade onde ninguém morre. Claro que este seu livro é uma fábula ou um conto filosófico onde Saramago através do seu olhar irónico se dirige na primeira parte do livro para a reacção das instituições face a este acontecimento insólito, e na segunda parte entra em cena a própria morte.
Na minha opinião este livro causa muita polémica pois o autor fala da Liberdade de cada um para decidir sobre a sua vida, sobre o seu tempo, sobre os seus dias, horas e minutos.
Tudo isto me pesa como uma condenação ao exílio humano, seremos nós donos do nosso próprio Tempo ou é a própria sociedade? Aos leitores digo apenas que reflictam sobre os minutos que nas suas vidas vão passando, que os aproveitem! Pois nunca saberemos quantos minutos mais virão para os aproveitar? Que minutos a Morte guardará para cada um de nós?